Viagem a Puglia e o reencontro com as raízes da nossa fundação
By Agostinho Augusto on 02/17/2020
Il frate cappuccino mozambicano fra Agostinho Augusto da un anno si trova a Roma nel Collegio Internazionale S. Lorenzo da Brindisi per completare i suoi studi di specializzazione teologica. Nel mese di febbraio ha effettuato un viaggio in Puglia per conoscere i frati cappuccini di Puglia ed incontrare i frati che hanno lavorato in Mozambico. Egli ha voluto raccontare il suo incontro con le radici di coloro che hanno portato l’annuncio del Signore Gesù in Mozambico. Il pezzo che qui pubblichiamo è stato ripreso dal suo blog.
Nascer e ser frade capuchinho em Moçambique é irremediavelmente estar acostumado a ouvir nomes como, Puglia, Santa Fara, Bari, Barletta, Montescaglioso, ect. A litania podia prolongar-se por mais uma quinzena de nomes que juntos perfazem um mosaico das fraternidades da nossa grande Província mãe: a Provincia dos Frades Capuchinhos de
Frei Bruno, Frei Marcos, Frei Caetano e Frei Francisco
Puglia! Tais famosos nomes que serão inseparavelmente ligados à evangelização capuchinha da Zambézia, foram berços dos mais formidáveis e heróicos frades que deram a sua juventude e até a sua vida à causa do evangelho e à promoção do povo moçambicano. Dos já perecidos frades como Jucundo Gaudioso, Camilo Campanela, Prosperino Galipoli aos ainda vivos como Francesco Monticchio, Gaetano Pascualicchio, Bruno Guarnieri e Domenico Mirizzi, se costura uma longa e vivida história de missão que só o tempo saberá glorificar na sua plenitude. Por isso, volvidos poucos meses da minha chegada na Itália foram vezes sem conta os motivos que me impeliam a procurar conhecer “in loco” o berço dos homens que moldaram a identidade religiosa de que hoje somos genuinos herdeiros.
Por isso não me fiz rogado quando em Dezembro, o Frei Piergiorgio Taneburgo, antigo Ministro Provincial da Puglia, me convidou na sua passagem pelo Colégio São Lourenço de Brindes, a visitar a Província mãe. Esta ocasião se me apresentou no passado dia 13 de Fevereiro de 2020 e imediatamente rasguei os céus rumo a Bari. Fui acolhido com o caloroso carinho amigo dos frades do Convento de Santa Fara, a suavidade do clima do Sul de Itália e a gentileza e bondade dos puglieses.
No meio de tanta espectativa, um grande alento foi o encontro imediato com o Frei António Triggiante, frade que por mais de 25 anos deu a sua vida em Quelimane em
Sentado: Frei António Triggiante
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favor daqueles jovens que a sorte do destino lhes apontava a um rumo incerto. Vê-lo assim débole e amesquinhado pela doença foi o cenário mais triste que um descendente pode testemunhar quando o tempo decide passar as suas inventivas sobre a delicadeza do nosso corpo. O maior consolo foi todavia de encontra-lo com memória fresca e uma vontade iniludível como dizia, “se o Senhor me restituir a saúde, a primeira coisa que faço é regressar em Moçambique”! Nada mais consolador que um amor indiscritivel à causa do bem! Em Santa Fara, jaz um outro embondeiro da missão, Frei Leão Innamorato. O seu viso um pouco mais radioso, frade inseparavelmente sereno e incapaz como sempre de levantar os olhos à causa do peso da santidade que transporta nas costas, me parecia forte de saúde apesar da sua avançada idade. Foi notória durante a nossa conversa a sua enorme preocupação pelos frades moçambicanos ao indagar sobre o paradeiro e o trabalho de cada um chamando-os pelo nome. O seu sempiterno silêncio é todavia compensado pela sua grande memória. Pernoitei em Bari depois de um bom passeio pela marginal da cidade e pela Basilica de São Nicolau e da Catedral na cortesia de Frei Piergiorgio.
Na manhã do dia 14 de Fevereiro, partimos com Frei Marcos Mascolo em direção a Campi Salentina onde se encontra um dos nossos conventos herdados dos Carmelitanos. Encontramos à porta do Convento o inconfundivel Frei Gaetano Pascoalicchio, home de baixa estatura mas de inestimável respeito e coragem. Na sua passagem por Moçambique durante mais de 34 anos foi Superior, Pároco, Guardião e Mordomo no Paço episcopal de Maputo, de onde partiu de regresso a Itália. Com voz trémula mas de indubitável comando, tinha muitas recordações de Moçambique quando era nosso guardião e formador. Com ele aprendemos a arte de coragem, de aprumo, de ordem e de serviço!
Juntamente com Frei Caetano, partimos quase ao meio-dia, em direcção a Scorrano onde se encontra um dos Conventos mais antigos da Província e que data dos finais de 1500, pouco tempo depois da reforma Capuchinha. São Lourenço de Brindes, então Ministro Geral, teria mandado destruir uma remodelação feita pelo Municipio de Scorrano para salvaguardar o Espírito de pobreza, emblema da nossa Ordem. Aqui é Guardião Frei Bruno Guarnieri um dos frades que deixou Moçambique em Fevereiro de 2017. Sua passagem pelas terras de Missão se confundem com Morrumbala, Quelimane e Inhassunge, lugares onde prodigalizou a sua juventude formando os jovens frades moçambicanos e dedicando-se a Pastoral. Foi um momento de grande alegria vê-lo imponente depois de um momento em que a doença quase lhe levava às margens do além, e conta pessoalmente como o Senhor teria feito de si um verdadeiro milagre em acção!
A hora do almoço se avizinhava mas este não seria efectivo sem a presença do missionário mais feliz que jamais vi: Frei Francesco Monticchio. Alto, jubiloso, humano, generoso no sorriso e simpático de coração, disposto a aprender mas sempre inclinado a pôr por escrito as suas experiências, Frei Francisco
Fotos com os missionários
Monticchio foi um missionário que doou a sua vida para o bem da Custódia. Em Moçambique foi Superior Regulador dos Frades de Puglia e sobre as suas costas pesou a conduçáo da Ordem nos momentos mais dificies da guerra civil. No seu mais recente livro: “Setenta anos em Moçambique para a libertação do homem”, ele narra detalhadamente os momentos marcantes da missionação na Zambézia e em Cabo Delgado donde são salientes as alegrias do trabalho missionário e as dificuldades do tempo da Guerra! Este reencontro com as raizes do nosso carisma se prolongou pela tarde fora, com recordações e narracções dos momentos vividos em Moçambique. Não nos restava mais nada que nos despedirmos e retornarmos cada um à sua fraternidade. No caminho ia ruminando cada experiência ouvida e com que alegria assumiam as suas dificuldades sabendo que o faziam por “amor a Cristo”!
Pernoitei em Campi Salentina e no dia seguinte regressei a Bari para encontrar-me com o Provincial e despedir-me dos Frades. Dai na tarde do mesmo dia rumamos para Andria, onde me esperavam para presidir a Missa na Paróquia abarrotada de gente! Frei Domenico Mirizzi, guardião e Pároco tinha-me organizado aquela surpresa. Foi um momento bastante lindo reencontrar-me com o homem que ainda na sua juventude nos moldou como frade, formador e professor da sagrada escritura! Na sua passagem por
Frei Agostinho e Frei Domenico
Maputo onde leccionou no ISMMA e nos Seminários Santo Agostinho da Matola e São Pio X de Maputo, Frei Doménico lançou precisamente neste último estabelecimento de ensino, aquilo que os seus pupilos mais tarde apelidariam de “Escola Capuchinha” em contraposição com a “Escola Dehoniana” do Professor Giuseppe Melloni! Versado em Sagrada Escritura, Frei Doménico foi sempre um proficuo pesquisador que procurou alinhar a sua docência com o Magistério da Igreja e com enfoque no amor à Sagrada Escritura. O nosso reencontro em Andria foi um abrir das “torrentes emocionais”, ele com saudades de Moçambique e Moçambique com saudades do seu ensino. Alegra-nos o facto que a sua boa saúde, juventude e disposição sinalizam ainda uma abertura para um futuro regresso às terras de missão, o que aguardamos com muita ansiedade!
Depois do jantar partimos para Trinitapoli, cidade costeira e tal como o nome diz, cidadde da “Santissima Trindade”! O nosso Convento que se posiciona mesmo à entrada da cidade constitui um dos grandes cartões de visita. A sua estrutura e beleza são
Frei Gaetano, Agostinho, Francesco e Bruno em Scorrano-Lecce (14/02/20
inconfundiveis. Nele habitam 4 frades, um dos quais é o Frei Alfredo Marchello que até Dezembro de 2019 era Ministro Provincial. Foi esta a minha última etapa de viagem às origens puglienses! Na minha viagem de regresso a Roma o tempo foi deveras curto uma vez que a mente estava ocupada com as recordações do que nos últimos dias vivi! Bari e Zambézia se confundem e os missionários que de cá partiram rumo à missão, trouxeram de lá algo nosso! Posso com muita convicção dizer que eles zambezionaram a Puglia! E hoje foi como se tivesse tocado com os meus dedos, uma porção daquela pátria amada que chamamos “Moçambique”! Um obrigado ao Provincial, ao Frei Piergiorgio e ao Frei Marcos pelo convinte e pelo acompanhamento! E aos meus mestres missionários a quem guardo com estima e admiração, vai um xi-coração por todo o carinho que me têm e pelo amor à nossa Custódia e que nem palavras seriam suficientes para caracterizá-lo! Que Deus vos conserve felizes e fiéis, na palma da sua mão! Ninouthamalelani!